Telegram pode ser ameaça ao combate de fake news em 2022

Depois de o WhatsApp assumir o protagonismo das eleições presidenciais de 2018, graças a uma avalanche de conteúdos eleitorais e fake news – em parte distribuídas por robôs –, especialistas em segurança da informação preveem um novo problema no pleito do ano que vem: o uso do Telegram.

Reportagem do jornal O Globo mostra que o aplicativo de mensagens, que adota uma filosofia de moderação mínima, pode ser tornar um terreno fértil para campanhas de desinformação e discurso de ódio.

Segundo o texto, ao contrário do WhatsApp, que limita grupos a 256 membros e restringe o alcance de mensagens replicadas muitas vezes, o Telegram permite grupos com 200 mil pessoas e compartilhamento irrestrito. Já os canais, ferramentas para transmitir mensagens, têm número ilimitado de inscritos.

A empresa não tem representação legal no país, o que dificulta o acionamento judicial e parcerias com o poder público. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE), por exemplo, tenta há meses, sem sucesso, fazer contato com a companhia para incluí-la no Programa de Enfrentamento à Desinformação, projeto que visa às eleições de 2022.

Um estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) publicado em junho mapeou os principais grupos e canais de discussão política no aplicativo.

Segundo o levantamento, 92,5% dos usuários que seguem temas políticos estão em grupos e canais bolsonaristas (com um total de 1,443 milhão de membros), 1% em grupos e canais de esquerda (principalmente de apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao presidenciável Ciro Gomes, com 15.956 membros) e 6,5% em grupos e canais indefinidos (100.199).

O volume mensal de mensagens nos grupos monitorados saiu de 21.805 em janeiro de 2020 para picos de 98.526 em maio de 2020 e 145.340 em janeiro de 2021 —aumento de 566% no período de um ano.

Além disso, o Telegram vem crescendo em popularidade no país – além de ter sido amplamente baixado durante a pane generalizada do WhatsApp, em 4 de outubro. Levantamento feito em setembro pelo site MobileTime, em parceria com a empresa de pesquisas online Opinion Box, registrou que a plataforma já está em mais da metade dos smartphones do Brasil (53%). Esse índice era de 15% na campanha eleitoral de 2018 e de 35% na de 2020.

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