A Bahia é o retrato da situação complexa do crime organizado no Brasil  

Por Marco Antônio Barbosa

Especialista em segurança e diretor da CAME do Brasil. Possui mestrado em administração de empresas, MBA em finanças e diversas pós-graduações nas áreas de marketing e negócios.

 

 

A Bahia vem enfrentando uma onda de violência nos últimos dias. Durante este mês de setembro, ocorreram ao menos 50 mortes em confrontos entre a polícia e facções criminosas. Diversas cidades foram palco de trocas de tiros em operações policiais que estão acontecendo em todo o estado.
Mas, apesar do pico de ocorrências, a situação já vem se complicando há bastante tempo. Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública apontam que, em 2022, a Bahia foi a unidade federativa onde mais foram registradas mortes violentas no país. Foram 7 mil assassinatos, com uma taxa de 50 casos a cada 100 mil habitantes.
A escalada de violência baiana, segundo as autoridades, tem a ver com o avanço das facções criminosas que atuam em todo o Brasil e que estão duelando pelo controle local, já que o estado é visto como uma rota importante por fazer ligação com as regiões Centro-Oeste e Sudeste e ainda com o mar.

 

Crime organizado

A crise é complexa em todo o território nacional, mesmo que em algumas unidades federativas a guerra e as estatísticas sejam mais mortais. Agora o foco é a Bahia, mas já enfrentamos ondas de violência em muitas outras regiões nas últimas décadas.
O crime organizado é um problema que precisa ser encarado de frente por todos os governantes para que realmente enxerguemos alguma melhora. As ações têm que acontecer de forma planejada para contenção da situação atual e também com estratégias de longo prazo.
As medidas imediatas de enfrentamento são as que estão acontecendo e são inevitáveis, mas, se forem as únicas táticas, vão servir apenas para “enxugar gelo”. Prender ou matar um traficante só provocará a substituição por um outro.
É preciso agir com ações de inteligência para minar essas facções financeiramente e também diminuir o recurso humano. Na primeira frente, as autoridades deveriam criar mecanismos de mapeamento e bloqueio de contas bancárias. Diminuir a circulação financeira impede o avanço dos criminosos.
Na outra frente é necessário prover mais oportunidades para as populações mais expostas. Políticas públicas de educação, moradia, saúde e infraestrutura impactam diretamente em quem, hoje, não encontra formas de sustentar sua família. Quando o Estado se faz ausente, o crime organizado ganha corpo e surge como uma única chance vista por essas pessoas para mudar de vida.
Somente pensando de forma estratégica e integrada, com cooperação de inteligência entre os estados e o governo federal, a situação poderá mudar no futuro. Não existe receita pronta e nem solução rápida e mágica. É primordial que a situação seja tratada com a seriedade que ela demanda e sem politicagem. Não importa partido, o crime organizado não está preocupado com isso.
 

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