A história trágica se repete nas escolas brasileiras


Marco Antônio Barbosa**

 

A situação se repete mais uma vez. Um adolescente invadiu, no último dia 22 de outubro, uma escola em São Paulo e matou uma colega, além de ferir outras duas. A mesma tragédia já havia acontecido na cidade há dois meses, quando uma professora de 71 anos não resistiu a um ataque violento. Podemos também lembrar do assassinato de quatro crianças em uma creche de Blumenau (SC), em abril.
São casos que se acumulam em todo o Brasil, sem que uma política nacional seja implantada para impedir novas vítimas.
Precisamos pensar na segurança escolar com estratégias que englobem ações de curto, médio e longo prazos, além de uma coordenação integrada entre ministérios e secretarias de segurança e educação. É necessário um envolvimento de todos para proteger nossas crianças.
A primeira medida de todas é remediar. Precisamos reforçar os sistemas de gestão de acesso a estes espaços, por mais prisional que isso possa soar. Cercas elétricas, câmeras, catracas com reconhecimento facial e portões automáticos com gestão à distância são algumas das tecnologias disponíveis.
Dificultar a entrada pode, em primeiro momento, parecer transformar o ambiente. Entretanto, ajuda a manter a paz interna, necessária para o desenvolvimento de nossas crianças e do trabalho dos professores.
O segundo ponto é antever estes crimes. As escolas e os pais, juntamente a governantes e polícias especializadas, precisam de um canal de diálogo rápido para lidar com ameaças vindas das redes sociais. A maioria dos casos é cometida por alunos ou ex-alunos que sofreram bullying ou traumas dentro do colégio. Os rastros destes transtornos são deixados em comportamentos com colegas ou em casa, mas também chegam às plataformas digitais por meio de posts e mensagens. Essas pistas precisam ser rastreadas e tratadas na hora, seja com ajuda psicológica ou com a lei.

 

Investigações

 

No último caso de São Paulo, por exemplo, investigações preliminares mostram que o adolescente sofria perseguição na escola e já havia dito que causaria uma tragédia. Essas ameaças não podem ser encaradas como “brincadeira de criança”. Elas precisam ser supervisionadas.
Em uma terceira camada, é preciso discutir políticas públicas e também de ensino para que a violência seja menos incentivada no ambiente escolar. Este é um trabalho de longo prazo, que passa pelo entendimento de como cuidar das nossas crianças para que não sejam adolescentes ou adultos violentos no futuro.
Além disso, é necessário um acompanhamento psicológico. A adolescência é uma fase de descobertas e desafios, na qual essas crianças, ainda sem noção das consequências dos seus atos, estão inseridas. Caso os educadores percebam uma ameaça, esse adolescente necessita ter um acompanhamento.
É um problema que já existe em outros países do mundo, como os Estados Unidos, e que não possui uma resolução simples, mas que tem de ser estudada o quanto antes. Não podemos esconder o problema e esperar novos casos.
Quantas crianças precisarão ser vítimas até entendermos que o Estado precisa legislar urgentemente sobre essa causa?
** Marco Antônio Barbosa é especialista em segurança e diretor da CAME do Brasil. Possui mestrado em administração de empresas, MBA em finanças e diversas pós-graduações nas áreas de marketing e negócios.

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