Ações contra o crime organizado devem priorizar a “inteligência em segurança”

Ataques a empresas têm se tornado, cada vez mais, uma ação comum do crime organizado. Existem casos, como no Rio de Janeiro, onde as empresas de telecomunicações são impedidas de fornecer seus serviços dentro do espaço territorial de atuação de milicianos e traficantes.

O setor de abastecimento também tem sido vítima do crime organizado, registrando, em 2021, um aumento do roubo de carga de 1,7%, com o prejuízo financeiro de R$ 1,27 bilhão, a primeira alta desde 2017, de acordo com a NTC&Logística (Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística). As empresas deste segmento têm sofrido com o bloqueio de CEP dos seus pontos de venda, além, é claro, da abordagem de criminosos aos seus caminhões e do aliciamento de funcionários de transportadoras e centros de distribuição.

 

Análise sistêmica

 

Segundo Anderson Hoelbriegel, gerente de segurança empresarial na ICTS Security, obviamente que esperar uma solução de segurança pública e a utilização de abordagens tradicionais de segurança privada não resolverão o problema. Então, fica a questão: como operar com segurança em um cenário no qual o crime organizado só cresce e ainda conseguir obter lucro? A resposta para a questão é a inteligência em segurança, porém a dificuldade está na implantação de seu processo.

Para funcionar com excelência, a proposta de implantação de um núcleo de ”inteligência em segurança’, de acordo com o especialista, precisa ter a capilaridade necessária entre os diversos segmentos da cadeia produtiva, assim como ser apoiada em uma plataforma robusta de dados para o cruzamento das informações, permitindo a produção de conhecimento e a geração de insights valiosos para o negócio.

“A análise deve ser sistêmica, considerando o conjunto composto por informações, pessoas, tecnologia, processos e modelo de gestão da segurança. Já as informações precisam ser trabalhadas por um núcleo de inteligência de segurança para que se tenha uma análise dos cenários externo e interno da organização com foco em ações proativas e preventivas por parte do sistema de segurança”, orienta Hoelbriegel.

 

Comunicação

 

Para Hoelbriegel, a área de inteligência deve ainda ser capaz de se comunicar com outros atores de inteligência de agências privadas e de órgãos públicos de segurança, bem como transitar pelos diversos tipos de segmentos produtivos. “Porém, considerando que o elemento pessoas é um dos mais falhos de qualquer sistema de segurança, há um desafio enorme no monitoramento de riscos e nas vulnerabilidades causadas pelos agentes internos”, informa.

Certamente, Hoelbriegel  diz que os processos são extremamente importantes para que tudo ocorra de forma correta, porém precisam ser pensados os procedimentos de rotina, alerta e emergência, bem como deve haver o devido treinamento das equipes de campo para lidar com as situações de crise.

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