Noticiamos anteriormente a alta do mercado de segurança privada, com incrementos e número de pessoas que ingressam para esse ramo. Entretanto, diante dos recentes casos envolvendo violência, descortina-se lacunas como a desatualização em treinamentos, ou mesmo a ausência desses, além da informalidade aos vigilantes.
Dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública apontam que, em maio, o país contava com 571.158 vigilantes em atividade, aumento de 10% nos cinco primeiros meses de 2025, sendo que 546.433 atuavam em empresas especializadas. Já 24.725 trabalhavam internamente (orgânicas) em companhias, comércios e indústrias que optaram por vigilância própria, seguindo os regramentos da Polícia Federal (PF), que regulamenta e fiscaliza a atividade.
Segundo a PF, 765.942 pessoas estão com o curso de formação atualizado, em abril de 2025, 361 escolas estavam credenciadas a funcionar e o número de empresas autorizadas pela PF é 4.770, das quais 2.899 especializadas e 1.871 orgânicas.
Na outra ponta, em 2024, dos 3 milhões de vigilantes formados, 2,5 milhões estavam atuando de forma irregular ou desempregados, segundo a Federação Nacional das Empresas de Segurança e Transporte de Valores (Fenavist), entidade do setor.
Estatuto da Segurança Privada
Aprovado há mais de um ano, o Estatuto da Segurança Privada (Lei nº 14.967/24) trouxe muitos progressos, como a assertividade nas fiscalizações e o crescimento no mercado, mas ainda os resultados serão vistos no futuro, pontua Jeferson Nazário, presidente da Fenavist. “Algumas estatísticas já apontam para um cenário de avanços. Ainda falta, porém, a publicação do decreto regulamentador, que detalhará como os diversos agentes deverão operar dentro dos parâmetros estabelecidos pela nova lei. Embora o Estatuto esteja em vigor, muitas disposições ainda não podem colocadas em prática sem essa regulamentação”, comenta.
Já na opinião de Gelbis de Souza Júnior, empresário com centros de formação credenciados, a modernização é um avanço histórico e necessário. Ao Diário do Vale, o especialista comenta que o setor operava por meio de um regramento que não atendia mais complexidade que a segurança se encontra atualmente. O novo estatuto, por sua vez, traz uma estrutura legal para o século XXI, reconhecendo a importância da formação contínua e fortalecimento da ética profissional, bem como o uso de tecnologias inteligentes.
Atualização dos profissionais
Como citado, mesmo com um mercado aquecido, a formação e capacitação de pessoas ainda é um entrave que chama a atenção. Em Mato Grosso do Sul, por exemplo, 28.282 vigilantes estão com a formação vencida, enquanto 7.608 têm os cursos atualizados.
Ao Campo Grande News, o major Arquimedes Gonzaga Gonçalves, secretário do Sindicato das Empresas de Segurança Privada de MS, argumentou que os vigilantes com a formação vencida não estão em atuação no mercado, já os profissionais ativos passam por cursos de reciclagem bienais, além de as empresas serem fiscalizadas pelo órgão.
O estado, que sedia em novembro o 1º Simpósio Brasileiro de Segurança Privada (SIMBRASP), percebe que a expansão industrial e imobiliária tem impulsionado a área. Coronel Alírio Villasanti, ao Campo Grande News, também concorda que o Estatuto precisa ser regulamentado. “O resultado é positivo: o cidadão tem acesso a um serviço de segurança mais qualificado e fiscalizado, o que fortalece o sistema de segurança como um todo. Entretanto, para que todos os efeitos esperados do Estatuto se concretizem, é imprescindível que a lei seja devidamente regulamentada pela Presidência da República”, conclui.


