Previsões para 2023 e próximos anos no setor de tecnologia orientam ações das organizações e usuários de TI

O Gartner, Inc. anuncia sua lista de previsões estratégicas para 2023 e os próximos anos. Os principais prognósticos exploram como os líderes de negócios e tecnologia podem reimaginar suposições e aproveitar o momento para transformar ambiguidades em certezas.

“A incerteza traz tanto oportunidades quanto riscos”, afirma Daryl Plummer, analista e vice-presidente do Gartner. “A chave para desbloquear essas possibilidades é reimaginar suposições — especialmente aquelas enraizadas em um passado pré-digital — sobre como o trabalho é realizado, como as relações entre clientes e fornecedores evoluirão e como as tendências atuais se desenvolverão. Os confortos da consistência prejudicam o crescimento de qualquer empresa que planeja liderar no mundo digital moderno cheio de incógnitas. As previsões deste ano fornecem uma base para os gestores aproveitarem a incerteza, desafiar o pensamento e mudar as expectativas, mantendo o movimento para frente”.

 

Metaverso na pauta

 

Até 2027, os espaços de trabalho totalmente virtuais serão responsáveis por 30% do crescimento do investimento das organizações em tecnologias de metaverso e “reimaginarão” a experiência de escritório – À medida que os colaboradores continuam a desejar cenários de trabalho mais flexíveis, os ambientes virtuais em metaversos surgirão para proporcionar suporte a novas experiências imersivas. Esses espaços digitais são gerados por computador e permitirão que grupos de colaboradores possam se reunir usando avatares pessoais ou hologramas. “Os fornecedores de soluções para reuniões precisarão oferecer tecnologias no metaverso que suportem um espaço de trabalho virtual. Caso contrário, arriscarão serem substituídos”, afirma o analista do Gartner. Segundo ele, “esses ambientes digitais oferecem a mesma economia de custo e tempo que a videoconferência, com os benefícios adicionais de melhor envolvimento, colaboração e conexão”.

Até 2025, sem práticas sustentáveis, a Inteligência Artificial (IA) consumirá mais energia do que a força de trabalho humana, compensando significativamente os ganhos de carbono zero – Conforme a Inteligência Artificial se torna cada vez mais difundida e requer modelos de aprendizado de máquina (ML) mais complexos, mais essas tecnologias consomem dados, recursos de computação e energia. Se as práticas atuais de Inteligência Artificial permanecerem inalteradas, a energia necessária para as ações associadas a estes sistemas (treinamento de Machine Learning, armazenamento e processamento de informações) poderá representar, até 2030, cerca de 3,5% do consumo global de eletricidade. No entanto, à medida que os profissionais de Inteligência Artificial se tornam mais conscientes de sua crescente pegada energética, estão surgindo práticas sustentáveis de Inteligência Artificial, como o uso de hardware especializado para reduzir o consumo de energia, codificação com eficiência energética, aprendizado de transferência, técnicas de small data, aprendizado federado e muito mais.

“A Inteligência Artificial oferece enormes benefícios potenciais para otimizar a eficiência operacional e a sustentabilidade, superando muito sua própria pegada”, fala Plummer. “Desde que seja aplicada de forma mais abrangente e eficaz do que hoje, a Inteligência Artificial poderia reduzir as emissões globais de dióxido de carbono de 5% a 10%.”

 

Ecossistemas

 

Até 2026, os ataques de negação de serviço realizados por cidadãos (cDOS) com o uso de assistentes virtuais para encerrar operações poderão se tornar uma forma de protesto mais frequente – As reclamações contra organizações (governamentais ou não) estão cada vez mais presentes no mundo digital. Os ataques de negação de serviço realizados por cidadãos (cDOS) por meio de assistentes virtuais são conduzidos por pessoas comuns e não por hackers. O Gartner prevê que até 2025, 37% dos consumidores tentarão usar um assistente virtual para interagir com o atendimento ao cliente em seu nome enquanto aguardam uma resposta, por exemplo. Essas interações legítimas utilizando esse recurso abrirão caminho para protestos. Até 2024, os cidadãos podem, até mesmo, afetar um contact centers de instituições que fazem parte da publicação “Fortune 500” por meio desses ataques.

Até 2025, os ecossistemas de Nuvem consolidarão o cenário de fornecedores em 30%, deixando os clientes com menos opções e menos controle sobre o destino de seu software – Os maiores provedores de serviços em Nuvem (CSPs) estão criando ecossistemas pelos quais eles e os fornecedores de software independentes (ISVs) oferecem uma variedade de serviços pré-integrados e compostos. Os ecossistemas destes serviços em Nuvem oferecem o potencial para ganhos de produtividade significativos a partir do fornecimento simplificado, integração e composição de componentes de software. Conforme amadurecem, a necessidade de ferramentas de integradores e terceiros diminui, porque os fornecedores podem lançar recursos mais rapidamente e, assim, se tornarem seguidores rápidos da inovação devido à velocidade e agilidade do desenvolvimento em ambientes Cloud.

Até 2024, as parcerias de soberania de propriedade conjunta sancionadas pelos reguladores aumentarão a confiança das partes interessadas nas marcas globais de Nuvem e facilitarão a globalização contínua da TI – À proporção que as sociedades se tornam cada vez mais globalmente interconectadas e dependentes de informações digitais, mais regulamentações e legislações surgem para controlar e proteger os cidadãos e garantir a disponibilidade contínua de serviços críticos. Especificamente, governos e reguladores comerciais estão endurecendo as políticas em relação ao uso de provedores de nuvem não regionais para cargas de trabalho essenciais ou confidenciais.

“Devido aos recentes eventos geopolíticos e o impacto direto que as sanções podem ter, a demanda por soluções completas de Nuvem está evoluindo”, explica Plummer. “Governos e reguladores que sancionam abordagens específicas de propriedade conjunta de provedores com parceiros locais podem atender a requisitos rígidos de soberania enquanto facilitam a globalização técnica contínua”, diz o analista.

 

Resiliência

 

Até 2025, a “volatilidade do trabalho” fará com que 40% das organizações relatem uma perda material de negócios, forçando uma mudança na estratégia de talentos da aquisição para a resiliência – Desafios como a grande demissão, o esgotamento e a desistência silenciosa continuam a desafiar os líderes empresariais a encontrar, atrair, contratar e reter talentos. Nos anúncios corporativos e divulgações financeiras, as instituições destacarão cada vez mais mudanças estratégicas devido à incapacidade de disponibilizar suporte a produtos ou serviços existentes, além de lançar oportunidades devido aos desafios da força de trabalho. “A volatilidade do trabalho tem uma correlação direta com os modelos de execução e entrega da organização que afetam o desempenho financeiro”, diz o analista do Gartner. Para ele, “o diálogo de resiliência deve se tornar uma conversa do CEO e da diretoria, em vez de isolada para o RH”.

Até 2025, a aceitação dos acionistas de investimentos especulativos dobrará, tornando-os uma alternativa viável aos gastos tradicionais em P&D para acelerar o crescimento – Para encontrar vantagens em meio à incerteza e volatilidade, os líderes do setor estão aceitando cada vez mais aplicações em tecnologia de alto risco com retornos pouco conhecidos e possíveis falhas, também denominados como ‘moonshots’. “As empresas vencedoras aprenderam que a ameaça que enfrentam é fazer muito pouco e tarde demais. Adotar abordagens antifrágeis, como moonshots, permite que as organizações maximizem sua vantagem contra a disrupção, ajustando seu apetite ao risco e aumentando sua tolerância a falhas”, afirma o analista do Gartner.

Até 2027, os modelos de plataforma de mídia social mudarão de “cliente como produto” para “plataforma como cliente”, com identidade descentralizada, vendida por meio de mercados de dados – O paradigma atual de usuários que precisam provar sua identidade repetidamente em serviços on-line não é eficiente, escalável ou seguro. A Web3  permite novos padrões de identificação descentralizados que introduzem vários benefícios disruptivos, incluindo dar aos usuários mais controle a respeito de quais dados eles compartilham, eliminando a necessidade de provas de reconhecimento repetidas e oferecendo suporte a serviços de autenticação comuns.

Até 2025, as organizações que corrigirem as disparidades salariais documentadas entre homens e mulheres reduzirão o atrito das profissionais em 30%, reduzindo a pressão sobre a escassez de talentos – As pesquisas do Gartner mostram consistentemente que a remuneração é um dos principais impulsionadores da atração e retenção de talentos, mas apenas 34% dos colaboradores acreditam que seu pagamento é justo. Não existe uma metodologia geralmente aceita para calcular a equidade salarial, desafiando as instituições a identificar e contabilizar as disparidades dos salários entre homens e mulheres. Um mercado nascente está se formando para ferramentas de software que oferecem avaliações de igualdade de pagamentos, com o surgimento de fornecedores especializados que fornecem mais maneiras de analisar e modelar dados relacionados à remuneração equitativa.

Até 2025, as métricas de valor dos colaboradores, como bem-estar, esgotamento e satisfação da marca, substituirão as avaliações de retorno sobre o investimento (ROI) em 30% das decisões de aplicações de crescimento bem-sucedidas – Os investimentos em esforços como o bem-estar dos colaboradores e a experiência do cliente podem gerar retornos financeiros diretos por meio do aumento da receita e da redução de custos. No entanto, seus impactos mais significativos geralmente são no valor da marca, reputação e aquisição e retenção de colaboradores e consumidores. Essas métricas são difíceis de quantificar em termos de ganhos de curto prazo, mas influenciam os resultados de longo prazo que impulsionam o valor da empresa. “O uso de modelos tradicionais de ROI para tomar decisões de investimento pode descontar ou excluir completamente os benefícios não financeiros. As organizações que usam abordagens de avaliação mais expansivas mudarão seu foco para crescimento, disrupção e inovação de longo prazo”, fala Plummer.

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