Rumos da economia brasileira serão ‘sacudidos’ com a adesão ao Drex, afirmam especialistas
Drex, acrônimo de Digital, Real e Eletrônico (o X refere-se a modernidade e conexão), é a aposta do Banco Central do Brasil (BC) para abrigar a representação digital de diversos tipos de bens (casas, carros, ações e títulos), permitindo transações financeiras mais seguras e rápidas, e está previsto para entrar em vigor no final de 2024.
Batizado de “Real Digital”, tem como diferença latente a capacidade de rastreabilidade por meio de sistema blockchain, em que os bens a serem negociados são convertidos em “tokens”, equivalente a um ativo tangível (um imóvel, por exemplo) ou intangível (uma patente).“Tokenizar, portanto, é o processo de conversão de algum bem de valor em um token digital dentro de uma blockchain, como a do Drex. Essas compras e vendas serão possibilitadas por meio de contratos inteligentes (ou autônomos), que executam automaticamente cláusulas pré-definidas assim que certas condições são cumpridas dentro da plataforma Drex. Um comprador não terá seu dinheiro retirado de conta enquanto o bem não for devidamente passado para o seu nome”, explica reportagem do site Valor Econômico.
Benefícios do Drex
“A gente precisa sacudir os sistemas legados dinossauros que estão dentro dos bancos. E é difícil sacudir o dinossauro, eu estive lá 22 anos, é muito difícil fazer uma mudança grande de tecnologia. A mudança faz com que o retorno caia um tempo antes de subir, é muito investimento em tecnologia”, frisou Roberto Campos Neto, presidente do BC, durante o “Encontro Anual Drex 2023”, ocorrido em dezembro, que abordou dos planos do órgão para a versão digital da moeda brasileira.
Muito embora gere semelhanças, o Drex não é um criptoativo já que conta com um rígido controle, como o realizado na moeda física.Aliás, o Real não sairá de circulação e um Drex equivale a R$ 1,00, ou seja, não há variação de câmbio, informa o Banco Central. “Ao contrário das criptomoedas, que têm aceitação voluntária e funcionam como títulos de risco, o Drex terá circulação obrigatória em todo o território nacional e a utilização poderá implicar custos ao usuário”, escreve em seu artigo João Teodoro, presidente do Sistema Cofeci-Creci (Conselho Federal de Corretores de Imóveis).
Na visão de Teodoro, o Drex tragará muitos benefícios ao mercado imobiliário: “Segundo o Banco Central, o custo de transferência será bem menor, já que a transação poderá ser feita automaticamente por meio de contratos inteligentes eo pagamento só será feito à conta do vendedor depois de concluído o processo legal de transferência. Qualquer operação poderá realizar-se sem intermediário, lembrando que isso se refere à mediação financeira, não à imobiliária”, ressalta.
Burocracia
Para Douglas Barrochelo, CEO da Biz, empresa de soluções em meios de pagamento, em artigo para o site Startups, a grande questão para o êxito do Drex, do mesmo modo que está sendo a do PIX, está no esforço do Banco Central na descentralização das formas lidar com o dinheiro, sendo uma necessidade de novas regulações no setor. A expansão das fintechs, bem como os arrojos tecnológicos aplicados nas agências bancárias e financeiras físicas, é um dos sinais dessa rota de mudança, engajada na construção de modelos mais seguros, ágeis, desburocratizados, inclusivos e de menor custo.
Ele aponta que será preciso também uma mudança interna por parte ideia de crédito, investimento e consumo. “Ainda não dá para saber quais os tipos de serviço dos bancos – de pagamento ou não – que vão surgir a partir do Drex. As aplicações serão criadas, sobretudo, pelas instituições financeiras, a partir da demanda e criatividade do mercado. As possibilidades são diversas, e as empresas precisam dar um salto, especialmente, em cultura e tecnologia, porque a trajetória de inovação no segmento financeiro não tem volta. É apenas o início de uma contundente transformação”, finaliza.
Foto: reprodução
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