Em tempos de pandemia, reconhecimento facial e rastreamento de contatos são apostas para a retomada do turismo
O reconhecimento facial, até pouco tempo atrás comum apenas em obras de ficção científica, já é uma realidade – e tem se espalhado com surpreendente velocidade. No Brasil, por exemplo, teve início no Aeroporto Internacional Hercílio Luz, de Florianópolis (SC), um teste para adotar a tecnologia no embarque de passageiros.
Trata-se de um projeto mais amplo, formatado pelo Ministério da Infraestrutura em parceria com a Serpro, empresa de tecnologia da informação do governo federal. O aeroporto de Florianópolis foi o primeiro a recebê-lo por contar com a infraestrutura necessária, mas não engane: em breve, passageiros de vários cantos do País poderão testá-lo também.
Como funciona? O passageiro, no momento do embarque, tem seu rosto escaneado, e a informação é cruzada com registros governamentais. Inicialmente, a comparação é feita com o banco de dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), mas o objetivo é expandir essa capacidade para outros bancos também. Afinal, muitos brasileiros não têm carteira de habilitação.
Os testes, por ora, são realizados com passageiros voluntários da companhia aérea Latam. Outras companhias, porém, também já vêm se preparando para a nova realidade. Ano passado, por 15 dias, a Gol testou seu sistema de reconhecimento facial no Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro.
O benefício mais óbvio, claro, é o de aumentar a segurança e a agilidade de embarque. No entanto, em tempos de Covid-19, serve também para reduzir o contato físico com outras pessoas e aparelhos, e para um possível rastreamento de viajantes que tenham passado por localidades de risco.
Novas tecnologias e privacidade
Pelos movimentos do mercado, novas tecnologias serão fundamentais na retomada do turismo. Por força da pandemia, e por conta de uma parceria entre o Fórum Econômico Mundial e a organização The Commons Project, foi criada a iniciativa CommonPass. Ela tem como objetivo permitir que os governos validem testes de covid-19 dos cidadãos e suas credenciais de vacinação, facilitando viagens – e tudo via aplicativo de celular.
Esses avanços, porém, deverão caminhar junto com novas preocupações com a privacidade e com a forma com que nossos dados, e rostos, são utilizados. Em junho, em sintonia com o movimento Black Lives Matter, Microsoft e a Amazon suspenderam a venda de soluções de reconhecimento facial para o uso policial. Indicaram que, antes, é preciso haver uma regulamentação para evitar a tecnologia contribua para violações de direitos.
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