Como fica a computação quântica na proteção de dados

Parece papo sobre ficção científica, mas a computação quântica já é uma realidade, inclusive dentro das grandes corporações. Em poucas palavras, essa tecnologia é considerada emergente, sendo capaz de armazenar e controlar informações que se encontram armazenadas em sistemas quânticos, como átomos, e também na elaboração de algoritmos.

A liderança no desenvolvimento de tais tecnologia está a China, com um programa nacional de mais de US$ 10 bi, que já lançou um satélite para permitir telecomunicações intercontinentais com criptografia quântica. Em seguida, a União Europeia e os Estados Unidos.

Já na América Latina e no Caribe não existem países que tenham uma estratégia nacional com fundos especificamente dedicados a programas de pesquisa e desenvolvimento dessas tecnologias. No entanto, o Brasil já sinalizou interesse no tema, buscando conhecimento e troca de experiências com outros atores sobre o assunto.

O que não podemos negar é que os computadores quânticos mudarão a maneira como muitos setores operam e os impactos da computação quântica afetarão todos os aspectos da sociedade. Este fato está em que poderiam ser usados ​​para resolver problemas complexos com mais rapidez e precisão do que os computadores tradicionais, o que levaria a novas descobertas e avanços em diversos setores.

Na outra ponta, essa tecnologia pode quebrar muitos dos algoritmos de criptografia usados ​​atualmente para garantir a confiança digital, ou seja, a computação quântica também afetará a segurança de várias interações.

 

Quântica e e-mail

 

Apesar do rápido desenvolvimento das tecnologias próprias dentro das empresas e da crescente popularidade das mídias sociais, o e-mail ainda reina para troca e armazenamento de informações. Para se ter ideia, estima-se que 70% dos profissionais utilizam o e-mail para compartilhar conteúdo relacionado à sua empresa ou indústria.

A IBM Security divulgou recentemente seu relatório anual X-Force Threat Intelligence Index, constatando que os cibercriminosos exploram as conversas por e-mail. Apenas em 2022,na região da América Latina, o sequestro de conversas por e-mail representou 11% dos ataques. Como então, em tempos de computação quântica, esse montante de dados sensíveis possa estar protegido? “Primeiro é importante entender as diferenças entre a computação clássica e a quântica. Enquanto os computadores clássicos usam bits para armazenar e processar informações, os computadores quânticos usam qubits. Os qubits podem existir em vários estados ao mesmo tempo, permitindo que os computadores quânticos executem certos cálculos muito mais rapidamente do que os computadores clássicos. Isso tem o potencial de ter um grande impacto no campo da criptografia, que é a ciência da comunicação segura”, alerta Timothy Hollebeek, estrategista de tecnologia industrial da consultoria DigiCert.

 

Correção de erros

 

Corrigir erros é fundamental em todos os aspectos da vida e isso não é diferente no quesito computação quântica para a realidade comercial. Segundo a consultoria Gartner, até 2025, 40% das grandes empresas executarão iniciativas de computação quântica e ainda esse tipo de processamento se demonstra pouco confiável em comparação com a computação clássica, o que é um desafio para se tornar uma realidade comercial.

Isso porque os qubits (a unidade básica de informação usada na computação quântica) são frágeis, e seus resultados podem ser distorcidos pelos ruídos no ambiente. Sendo assim, ela deverá continuar a amadurecer e cada vez mais iremos sentir o uso crescente da tecnologia na próxima década. É o que esclarece Nilton Hayashi, diretor de Business Operations da Fujitsu do Brasil. Ele comenta que à medida em que a computação quântica se torna mais sofisticada, a correção de erros desempenhará um papel mais crítico. “É usado a mecânica quântica para resolver problemas massivamente complexos, além do alcance dos computadores clássicos de hoje e estimamos um impacto cada vez maior em áreas como logística, indústrias químicas e farmacêutica, e em operações de extrema complexidade do sistema financeiro, por exemplo”, avalia.

Sem uma correção, Hayashi salienta que os cálculos de computação quântica podem ter um menor grau de precisão, ou seja, maior a margem de erro. Portanto, o desenvolvimento contínuo da tecnologia de correção de erros é essencial para tornar a computação quântica comercial uma realidade.

 

Foto: reprodução

 

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