Cibersegurança é essencial para Indústria 4.0, afirmam especialistas
Da mesma maneira que cada vez mais nossas casas e rotinas de trabalho estão automatizadas, na indústria o cenário não é diferente. E na esteira da retomada do desenvolvimento econômico, a reunião do recém ativado Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI), ocorrida em julho, teve como principal objetivo a elaboração da nova política industrial brasileira. Após sete anos desativado, as ações do CNDI estão em impulsionar e fortalecer setores estratégicos nesse novo contexto de política industrial.
A previsão é de que nos próximos quatro anos, investimentos de mais de R$ 100 bilhões sejam destinados ao setor, por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), e da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii).
Indústria 4.0
Aquecida, chamada Indústria 4.0 tem em seu escopo a conectividade e digitalização nas linhas de produção, trazendo à tona a importância da segurança cibernética para garantir a continuidade das operações e manterem-se competitivos no mercado mundial. Segundo a consultoria Gartner, 88% dos líderes de negócios de empresas da área industrial vêem o risco relacionado à segurança cibernética como um risco comercial e 51% sofreram um incidente de risco de segurança cibernética nos últimos dois anos. A estimativa até 2025 é que os ataques sejam capazes de invadir redes industriais, podendo colocar inclusive vidas em risco. “A cibersegurança, portanto, já é uma preocupação essencial ao andamento dessa nova revolução industrial, tanto pela importância dos dados em circulação dentro das linhas de fabricação quanto pela própria operação e disponibilidade das máquinas, sensores e equipamentos envolvidos nos processos”, escreve Lucas Pereira diretor de produtos da Blockbit, ao site InforChannel.
Essa é uma das inúmeras barreiras que precisam ser transpostas. Novas estratégias de desenvolvimento industrial têm sido o grande foco nos Estados Unidos, Japão, Coréia do Sul, China, Alemanha e demais países da União Europeia. Um levantamento realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), sobre os planos destes países nesta área revela que, juntos, eles preveem investimentos futuros na casa de US$ 5 trilhões em políticas de apoio às suas respectivas indústrias, com vistas a alcançar objetivos estratégicos, como a digitalização e a descarbonização da economia.
Bruno Linhares, diretor da Associação das Autoridades de Registro do Brasil (AARB), os governantes e a sociedade têm a difícil missão de reverter este processo e aproveitar a nova revolução industrial em curso. “Vivenciamos uma ampla digitalização em toda a sociedade, com o uso massivo da internet, com novas tecnologias de comunicação de dados, com Inteligência Artificial, com o armazenamento das informações em nuvem, com a IOT – Internet das Coisas e muito em breve, com a computação quântica. Essa é a base material para a nova revolução industrial”, diz.
“Além do chão de fábrica”
Para Linhares, a digitalização ocorre não só no chão de fábrica, com a instalação de plantas inteligentes, mas também na integração com toda a cadeia produtiva. “O uso de dispositivos digitais nos próprios produtos permitirá a construção de novos serviços e a reconfiguração dos métodos de consumo. Para isso, é necessário que tenhamos infraestrutura no país para suportar a transmissão, armazenamento e utilização dos dados, que estarão distribuídos por todo o ciclo produtivo, além do âmbito meramente fabril”, completa.
Além de pensar no ecossistema que a tecnologia irá impor na indústria, como dito, é necessário também capacitar todos os envolvidos no processo. Pereira, da Blockbit, destaca em seu artigo a importância de uma política de proteção, sendo recomendável implementar planos de soluções de segurança cibernética, incluindo firewalls, sistemas de detecção de intrusão, gerenciamento de identidade e autenticação forte, bem como protocolos de comunicação seguros e redes privadas virtuais (VPNs). “Treinar colaboradores para saberem como evitar vulnerabilidades e o que fazer em caso de ciberataque é essencial. As equipes de Tecnologia e Segurança da Informação precisam também estar preparadas a monitorar as operações continuamente para detectar qualquer comportamento anormal ou atividade maliciosa. Backups regulares de dados e configurações de sistemas são também o básico, para que possam ser restaurados rapidamente em caso de falha”, frisa.
Em suma, se a indústria está retomando sua fase de avanços com a expansão dessas novidades, o comportamento também passa pelo fator humano. “O debate na sociedade sobre cibersegurança é fundamental para que os esforços na construção de uma infraestrutura digital ocorram de forma estruturada e contínua. A reafirmação de políticas públicas é primordial, para que ampare e garanta um terreno adequado ao desenvolvimento industrial, econômico e social que o Brasil necessita”, finaliza Linhares, da AARB.
Foto: Reprodução
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