Aumentam os casos de golpes digitais no Brasil durante a pandemia
O aumento dos golpes digitais se tornou um efeito colateral da pandemia no Brasil, aponta matéria recente publicada pela Revista Época. De acordo com a publicação, isso foi desencadeado pelo isolamento social, que reduziu as oportunidades de furtos nas ruas e aumentou as operações bancárias no ambiente virtual – da classe alta até aqueles que recorrem ao auxílio emergencial.
De acordo com o Instituto de Segurança Pública (ISP), os crimes virtuais cresceram 200% no ano passado no Estado do Rio de Janeiro, comparando-se com 2019. Já a Divisão Especializada de Investigação aos Crimes Cibernéticos da Polícia Civil de Minas Gerais identificou um aumento de 100% entre 2018, ano de criação da divisão, e 2020. No Estado de São Paulo, o governo inaugurou quatro delegacias especializadas no combate a crimes cibernéticos em dezembro de 2020 para conter o aumento de casos.
Segundo a Polícia Civil fluminense, o phishing é o golpe aplicado com mais frequência. Ele é caracterizado pelo roubo de dados e senhas de acesso dos usuários por meio do envio de mensagens, principalmente por e-mails, SMS e WhatsApp. Majoritariamente aplicados no Brasil, os golpes por WhatsApp são considerados fraudes amadoras em relação à sofisticação das fraudes realizadas em outros países.
A reportagem conta que golpes chamados de trojans bancários ou Cavalo de Tróia também são bastante praticados no Brasil. Ele extrai informações de computadores e celulares, incluindo os dados de transações financeiras. No entanto, os números deste tipo de golpe não são divulgados pelas instituições financeiras brasileiras É uma maneira de evitar que seus clientes se sintam inseguros com os serviços que elas oferecem.
A falta de ocorrências das fraudes também se dá devido ao fato de nem todas as vítimas dos golpes digitais registrarem boletins de ocorrência. Algumas tentam, mas o estelionato digital ainda não é considerado crime no Brasil.
Para cobrir essa lacuna na legislação, a Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei 4.554/2020, que insere no Código Penal o conceito de estelionato digital e aumenta a pena nos casos em que as vítimas forem idosas. O texto ainda irá para votação do Senado.
Segundo o Deputado Federal Marcelo Ramos (PL-AM), a pena para os crimes virtuais é muito baixa e geralmente convertida em cestas básicas e prestação de serviços. “Mas quem comete esses crimes hoje não são mais os jovens nerds no computador. São quadrilhas estruturadas que têm conexão com o crime organizado no Brasil e ficam sem punição. O Código Penal precisa ser atualizado constantemente”, ele afirmou à reportagem da Época.
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