Crimes cibernéticos e LGPD impulsionam mercado de cibersegurança, indica relatório

Pandemia da Covid-19 e aumento do trabalho remoto também elevaram o número de ataques a empresas no país; combate requer novas tecnologias e soluções

A crescente importância da segurança cibernética está mudando a maneira como as empresas adquirem serviços de segurança estratégica, revela estudo divulgado pela TGT Consult.

De acordo com o documento, o crescimento dos crimes cibernéticos e a possível entrada em vigor da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) ainda neste mês levaram os executivos a se envolverem mais na tomada de decisões relacionadas à segurança.

“Regulamentações mais rígidas estão levando ao amadurecimento do mercado de TI. No Brasil, a aplicação da LGPD exige que a maioria das empresas mude seus processos e tecnologias de apoio em relação à proteção de dados e define funções, responsabilidades e penalidades”, diz o ISG Provider Lens™ Cyber ​​Security – Relatório de soluções e serviços 2020.

“Hoje, a questão não é se você vai sofrer um ataque cibernético, mas quando ele vai acontecer. Temos visto exemplos recentes de ataques no Brasil, como em companhias elétricas e universidades. Esse crescimento e a entrada prevista da LGPD trouxeram uma grande demanda por parte das empresas em entender como o serviço de segurança cibernética está organizado no Brasil, qual é o nível de desempenho, qual é o diferencial, os nichos e as peculiaridades, já que se trata de um mercado que não possuía nenhum tipo de mapeamento formal no país”, diz Omar Tabach, sócio da TGT Consult.

Para além da LGPD, que aguarda sanção do presidente Jair Bolsonaro, algumas empresas vêm atualizando suas medidas de segurança cibernética em resposta à pandemia da Covid-19, que estimulou o trabalho remoto e levou a um aumento no número de ataques.

Levantamento da empresa de segurança cibernética Kaspersky, apontou que o número ataques direcionados ao Remote Desktop Protocol (RDP) – uma das ferramentas de acesso remoto mais utilizadas para postos de trabalho ou servidores – cresceu 333% no país de fevereiro a abril, passando de uma média diária de 402 mil para mais de 1,7 milhões.

O autor da pesquisa ISG, Pedro Bicudo, explica que o cibercrime vem evoluindo rapidamente e é importante que as empresas compreendam que isso exige mais do que os tradicionais SOCs (Security Operations Center).

“É necessário ser capaz de identificar essas novas tecnologias e criar uma capacidade de reação, pois os ataques vão acontecer. As empresas precisam ter parceiros de segurança e essas consultorias estão se organizando para oferecer o serviço de CDC (Cyber Defense Center), que propõe para o cliente justamente isso: dar suporte no momento em que for preciso e preparar pessoas e ferramentas”, afirma.

“Em caso de vazamentos, é preciso provar que a culpa não foi da empresa, mas sim de um hacker criminoso, e até reparar problemas. Essa sofisticação é muito mais ampla e requer que as empresas escolham bem seus parceiros.”

De acordo com o relatório, essa maior atenção à segurança cibernética no Brasil vem levando as empresas de consultoria tradicionais a se concentrarem em avaliações e projetos de arquitetura de tecnologia cibernética. Com isso, cresce também a demanda por especialistas e novas ofertas de serviços, e grandes empresas de consultoria reestruturaram seus portfólios de consultoria estratégica para incluir segurança cibernética.

Além disso, a inteligência artificial e ferramentas de aprendizado de máquina podem ser aliados na hora de oferecer serviços de segurança gerenciados. Essas ferramentas absorvem grandes quantidades de dados e usam análises inteligentes para identificar como as ameaças estão se transformando e se espalhando.

Pedro Bicudo ressalta, no entanto, que o serviço de cibersegurança ainda depende muito do especialista. “A automação que vem surgindo nos últimos anos, inclusive utilizando IA, não é para substituir os experts, mas sim para agilizar os diagnósticos e mapeamento de um número maior de parâmetros e incidências para conseguir reduzir falsos positivos”, diz.

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