Inovação alavanca o setor de segurança privada no Brasil
Seja pela Inteligência Artificial, seja pelas ferramentas tecnológicas diversas, o setor de segurança privada está investindo fortemente em inovação e inteligência. E os números apontam que o mercado de segurança eletrônica deverá saltar dos US$ 52,37 bilhões em 2023 para US$ 76,24 bilhões até 2028, aponta relatório da Mordor Intelligence.
Para Gervásio Neto, diretor de Inovação, Pesquisa e Desenvolvimento do AvantiaLabs, o verbo a ser conjugado pelo setor é exatamente o investir, principalmente para evitar falhas em equipamentos e no treinamento de mão de obra: “É certo que a segurança patrimonial tem evoluído, porém, as tecnologias disponíveis ainda são muito pouco exploradas. O uso de painéis de alarmes e sensores de intrusão são largamente utilizados e dominam as instalações empresariais. Porém, quando consideramos a quantidade de alarmes falsos e os recursos utilizados, percebemos a necessidade de inovação em tecnologia e em processos”, reforça.
Destaca ainda a importância da IA no videomonitoramento, permitindo que o próprio usuário, por meio de um aplicativo para celular, possa acompanhar em tempo real o estabelecimento. “O dono de uma pequena empresa pode acionar as equipes de segurança.Não há dúvidas que a inovação levará a segurança patrimonial à disrupção em muito pouco tempo. O que resta ao setor é se aprimorar, uma vez que os clientes buscam um custo-benefício, na medida em que a inteligência as leva a outros ganhos em seus negócios”, salienta.
Tendências para a inovação
Dentre as tendências que seguem no ano de 2024, além de itens como a IA, Internet das Coisas, o armazenamento em nuvem, uso de drones e a robótica, estão outros incrementos como os geradores de neblina, que impedem o campo de visão de infratores durante invasões, explica Adalberto Bem Haja, engenheiro eletrônico e CEO da BHC Sistemas: “A segurança privada exige soluções adaptativas e uma delas é a implantação de geradores de neblina. A ferramenta combina eficácia com acessibilidade e tem um valor de investimento mais baixo, abarcando uma ampla gama de estabelecimentos, especialmente pequenos negócios, lojas de rua e pontos de conveniência”, diz ao site Movimento Econômico.
Os números confirmam o argumento de Haja: dados do Barômetro de Segurança da Verisure, empresa de alarmes monitorados, identificaram mais de 6.400 invasões a comércios e residências até o outubro de 2023, a maioria as madrugadas, quando a circulação de pessoas é bem menor. Recentemente, a companhia lançou o sistema ZeroVision, equipamento composto por um reservatório com líquido especial, que é transformado em fumaça atóxica por vaporização. Segundo a companhia, ao ser acionado remotamente pela central, em um minuto a neblina ocupa um ambiente de até 70m², impedindo a visibilidade do invasor.
Mitigação de erros
Como dito, não basta ter ferramentas robustas se as mesmas podem replicar erros e, consequentemente, causar mais problemas que soluções. Um dos mitigadores é o deeplearning (DL), ou aprendizado profundo da máquina (ramificação do machinelearning) para, no caso, evitar alarmes falsos.
Um exemplo é o adotado pela G Eletro, braço do Grupo GR, que em 2021 incorporou o DL no ecossistema de câmeras de monitoramento. Segundo Ricardo Franco, CEO de tecnologia e inovação da companhia, ao site Convergência Digital, a dinâmica funciona em duas frentes: enquanto uma ensina a máquina o que precisa identificar, outra instrui a câmera a fornecerinformações que não são habituais àquele ambiente.Leva-se entre 15 e 20 dias para o êxito dessa aprendizagem: “Você seleciona e calibra as câmeras para trazer apenas informações que treinamos a máquina, podendo separar pessoas de animais, por exemplo. Também conseguimos criar um cluster de informações dentro da câmera do que não se quer e dar identidade visual para a câmera identificar”, esclarece.
A empresa informa que após a implantação do sistema, a redução de alarmes falsos chegou a 80%. O fator humano é também beneficiado: a média é de um operador de CFTV monitorar 250 câmeras. Com a inovação, esse profissional recebe uma notificação e é gerada na tela somente a imagem necessária para verificar se realmente é uma ameaça ou não.“Contar com IA nas câmeras significa mais qualidade e economia, pois só vai trabalhar as ocorrências que realmente precisarem de intervenção humana”, finaliza Franco.
Foto: reprodução Verisure
Comentários estão fechados.