Transportadoras investem em tecnologia para lidar com roubos de carga

Desde a compra de um item até os insumos para fabricá-lo, todo o sistema de produção passa pelo transporte. Afinal, o modal rodoviário é o mais utilizado no Brasil, mesmo comsuas adversidades, como a qualidade de boa parte das estradas no país,bem como outras intempéries, o que inclui os roubos.

Só para ter uma noção do problema, no primeiro semestre de 2023, apenas no estado de São Paulo, diariamente, 17 caminhões tiveram a carga roubada, ou seja, 3.040 ocorrências, informa a Secretaria de Segurança Pública do Estado.

Já no país, segundo pesquisa da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística), foram 13.089 registros em 2022 e a região Sudeste continuou concentrando o maior número de casos (85,18%). Monetariamente falando, o prejuízo dessas ocorrências ao país está na casa de R$ 1,2 bilhão. “A cada ano vemos os números reduzirem, mas mesmo assim precisamos continuar combatendo para que um dia consigamos não ter que apresentar dados como esse. A NTC&Logística vai continuar trabalhando em estreita colaboração com as autoridades de segurança pública e com o governo federal para que eles nos ajudem a diminuir números ano após ano”, afirma Francisco Pelucio, presidente da empresa ao portal da Confederação Nacional do Transporte.

 

Estratégias

 

Para tentar evitar os ataques, as transportadoras atuantes nesse modal estão investindo em tecnologia para proteger cargas e pessoas, como ferramentas digitais para minimizar prejuízos.E isso se inicia antes mesmo da contratação do serviço: em 2021, a Fretebras lançou o programa Frete Seguro, uma plataforma em que a publicação de fretes somente pode ser efetuada mediante verificação e validação de dados.

Segundo informações da empresa,a taxa de segurança do recurso está em 99,26%, além de conta com o sistema de“avaliação de mão dupla”. Trata-se de caminhoneiros e requisitantes se qualificarem mutuamente ao final de cada frete, com notas que podem chegar até 5. A Fretebras também faz o uso de biometria no cadastro do caminhoneiro eum robusto trâmite de proteção de identidades digitais, contas e dispositivos das empresas requisitantes, com o objetivo de evitar invasões e acessos indevidos na plataforma. “A Fretebras garante que todas as verificações estão de acordo com as determinações da Lei Geral de Proteção de Dados”, informa ao Estadão.

Outra estratégia é o monitoramento e desligamento automático do veículo ao primeiro sinal de roubo. É o caso da Jamef, especializada no transporte de cargas fracionadas e de alto valor agregado, que desde 2017 adotou uma série de sistemas, treinamentos e processos para coibir assaltos e roubos e garantir a segurança de colaboradores e cargas transportadas.

Um deles é uma plataforma de apoio que acompanha online as viagens de transferências e rastreia os veículos em trânsito. Em caso de roubo, o caminhão “trava” e não prossegue viagem. “Além do que já foi implementado, os motoristas passam por capacitações para reduzir o risco de ocorrências, como orientações sobre paradas, forma de direção, uso adequado dos equipamentos e também temos uma Central de Gerenciamento de Riscos 24 horas”, informa nota da empresa.

Com a implantação desse conjunto de ações de segurança, a transportadora está há seis anos sem casos. Ao Jornal da Record, Juliano Alba, gerente de operações da Jamefcomemora os bons resultados obtidos com a implantação dessas estratégias. “Eu acho que isso é o melhor resultado. Nós já tivemos mais de 50 tentativas e nenhum roubo consumado”, assinala.

Foto: reprodução

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