Aumento do investimento de grandes empresas em tecnologia estimula crescimento de fábricas de software no país

As mudanças no comportamento dos consumidores durante a pandemia de Covid-19 tiveram como consequência uma alta no investimento das empresas em tecnologia.

Levantamento recente feito pela ABES (Associação Brasileira das Empresas de Software) em parceria com a IDC, projeta, por exemplo, crescimento de mais de 10% no mercado de desenvolvimento de software no Brasil neste ano.

A movimentação no setor acelera a procura por profissionais de TI (tecnologia da informação) – e, por consequência, a demanda pelos serviços de fábricas de software no país.

“O consumidor está cada vez mais exigente e, em tecnologia, temos cada vez mais opções e possibilidades, o que faz com que as empresas busquem de forma crescente profissionais de TI com proficiência em tecnologias específicas no mercado e que são cada vez mais raros”, afirmou Mikael Malanski, CEO da X-Apps, desenvolvedora de aplicativos e sistemas, ao portal da StartSe.

“Como a demanda é grande e a oferta é insuficiente, essa procura tem se voltado para as fábricas de software, que entregam isso e ainda oferecem maior valor agregado”, disse. De acordo com a StartSe, essas empresas viram sua demanda por apps e sistemas de gestão mais que dobrarem nos últimos meses.

Tanto investimento assim tem razão de ser: a líder global de análises móveis, App Annie, afirma que só no segundo semestre de 2020, as pessoas gastaram mais de 200 bilhões de horas em aplicativos mobile. O Brasil, que registrou um aumento de 20%, ficou atrás apenas da Índia na lista de países que lideram esse ranking.

Esse novo padrão de consumo tem causado uma intensa corrida rumo à transformação digital por parte das empresas brasileiras. “Essa reinvenção precisa ser constante para a empresa manter-se à frente e competitiva. Se não fizer, uma startup vai fazer no seu lugar. Entender esse movimento é crucial para as empresas e não é algo de uma vez só, precisa ser contínuo, precisa fazer parte da cultura”, afirmou Malanski.

De olho nas tendências de tecnologia, as empresas brasileiras têm concentrado seus esforços (e investimentos) em tecnologias e funcionalidades cada vez mais específicas, mostra o texto da StartSe.

Na prática, isso quer dizer que as empresas que contratam uma fábrica de software hoje querem oferecer aos seus clientes muito mais que um aplicativo funcional. Elas querem entregar uma experiência de uso totalmente imersiva que integre o usuário à solução digital de um jeito personalizado e inovador.

Entre os exemplos, o CEO da X-Apps cita o aplicativo Riders, criado para a BMW Brasil. “A ideia era fazer justamente com que tanto os clientes quanto os apaixonados pela marca tivessem uma experiência de uso imersiva que fosse capaz de integrá-los a esse aplicativo de maneira muito natural”, disse à StartSe.

Com o Riders, os usuários podem ter acesso às notícias da BMW, saber quando vão ocorrer os próximos eventos da empresa e descobrir, inclusive, por meio da geolocalização, pontos turísticos nas redondezas que eles podem conhecer com as suas motos BMW.

Outro ponto de destaque entre os investimentos das empresas é a segurança dos dados pessoais dos usuários. Com a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais) em vigor a partir de setembro do ano passado, as companhias elevaram sua preocupação com as informações pessoais dos seus clientes.

O resultado é um boom nas solicitações de privacidade, que inclui desde a reformulação dos termos de contrato à divulgação das informações dessas pessoas para empresas terceiras.

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