Edifícios inteligentes apostam em cibersegurança

Conhecidos por soluções implantadas de sensores, sistemas e interfaces que interagem por meio da Internet das Coisas (IoT, do inglês), de gêmeos digitais (modelos virtuais de um objeto físico) e da Inteligência Artificial (IA), os edifícios inteligentes (ou smart buildings) têm em seu DNA sustentabilidade e tecnologia.

“O setor de construção civil tem evoluído, buscando desenvolver edifícios altamente tecnológicos que permitem a gestão integrada e automatizada de praticamente todas as funcionalidades”, explica Pedro Okuhara,especialista de Produtos e Aplicações da Mitsubishi Electric.

 

Edifícios inteligentes

 

“A certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) é um dos requisitos que garantem a eficiência energética e ambiental nessas edificações. O Brasil ocupa a 4ª posição no ranking de edifícios inteligentes certificados, uma valorização de 4% a 8% por metro quadrado”, arremata o especialista, ao portal EPBR.

Na opinião de Felipe Locato, gerente de Tecnologia para 5G da Logicalis, ao TI Inside, esses equipamentos deverão ter como prioridade a excelência sustentável e primazia em conexão, reduzindo assim suas pegadas de carbono e, consequentemente, os seus custos operacionais. “Quando falamos em ambiente ultra conectado, a telemetria em tempo real será a ferramenta mais poderosa a esses edifícios conseguirem cumprir suas metas de ESG (do inglês para Ambiental, Social e Governança). Mas isso só será possível com a ajuda de sistemas de gerenciamento predial automatizados, baseados em IA e redes 5G. Essas redes, aliás, serão imprescindíveis para tornar esses modelos de imóveis uma realidade”, arremata.

 

Ameaças digitais

 

Um levantamento do World EconomicForum em 2021 mostrou que a loT a tais edifícios no mundo deve aumentar de 1,7 bilhão de dispositivos conectados em 2020 para 3 bilhões até 2025.Eis aí que mora, literalmente, o desafio enfrentado por administradores, condôminos e empresas de segurança: assegurar dados, informações e demais conteúdos digitais necessários para queesses empreendimentos funcionem em plenitude.

Afinal, se um sistema de automação é atacado por um hacker, um prédio inteiro pode estar comprometido. E isso já é sentido e mensurado: a mesma pesquisa revelou que 57% dos dispositivos loT são vulneráveis a ataques de média ou alta gravidade, e taisciberataques já foram prejudiciais para várias empresas, incluindo aquelas que possuem infraestrutura crítica como hospitais, data centers e hotéis.

“A integração de loT nos edifícios gera uma mudança empolgante em todo o setor, mas, como em qualquer inovação, também apresenta novos riscos”, reforça Annick Villeneuve, vice-presidente de Soluções Digitais Empresariais da Schneider Electric, que recentemente firmou parceria com a Claroty, companhia de cibersecurity, para levar inovaçõesem mitigação de riscos de segurança e de operação enfrentados pelos edifícios atuais e os do futuro.

Fator humano e recursos tecnológicos

Muito embora esses avanços encabecem os edifícios inteligentes, a o fator humano não pode ser deixada de lado, sendo a combinação ente entre a capacidade humana e o aprendizado de máquina uma vantagem a preservar esses imóveis. Mensuração de riscos nos edifícios, controle de acesso remoto, detecção e resposta de forma mais rápida e intuitiva são uma amostra das ferramentas de cibersegurança(leia-se também a segurança física) já disponíveis no mercado, que têm em seu escopo a redução e correção contínua de ameaças cibernéticas e de ativos em seu ambiente antes que os serviços sejam interrompidos.

Marcos Felicio, arquiteto de soluções para Healthcare, Real Estate e Hotels na Schneider Electric para América do Sul, frisa que a automação predial caminha parair além do seu próprio perímetro de atuação.“Os administradores, engenheiros responsáveis e até as equipes de operação e manutenção cada vez mais têm a necessidade de acompanhar o desempenho e as ocorrências que afetam a infraestrutura predial que podem afetar o negócio a qual este ou aquele edifício está destinado. O problema está no risco que essa abertura pode trazer expondo pontos que podem ser vulneráveis e se tornam alvos de cibercriminosos”, enfatiza.

Ou seja, um morador já pode acessar eletrodomésticos e equipamentos de seu apartamento com um toque de celular em qualquer lugar. Em um tempo não tão distante (aliás, já há exemplos), também será capaz de acionar a portaria de seu prédio com a mesma versatilidade. Cabe a todos os atores envolvidos a resiliência em não transformar essa facilidade em uma isca para pessoas mal-intencionadas, alertam os especialistas.

Foto: reprodução

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