Polêmicas geradas com a Inteligência Artificial e os impactos de sistemas, como o ChatGPT, nas organizações

Assunto do momento, a tecnologia de Inteligência Artificial (IA) ChatGPT além de se popularizar, está causando muitas dúvidas e polêmicas. Lançado em novembro de 2022 pela OpenAI, o sistema tem em sua essência a otimização de tarefas por meio de comandos de voz e capaz de interpretar de maneira mais eficiente que métodos mais conhecidos, como Alexa (Amazon) e Assistente do Google. Também tem aptidão de automatizar tarefas que antes eram feitas manualmente, possibilitando uma redução significativa de tempo e custos.

Guilherme Dias, publicitário efundador da Bons de Briga Digital School comemora ter implantado esta AI em sua rotina de trabalho: “No meu caso, a utilização da ChatGPT aumentou a minha produtividade em pelo menos dez vezes. Com ela, pude delegar tarefas operacionais e assim focar em atividades mais estratégicas. A apelidei de Laura e ela trabalha sem parar nas minhas planilhas, resumos e até na criação de anúncios para Facebook e Instagram”, diz.

Uma plataforma por aqui que já implantou o sistema é a StartSe, que  lançou um pacote de ferramentas de IA focado em estratégia de negócios para desenvolver textos de copywriting, descrições de vagas de emprego, listas de tendências, planos de marketing e estratégias para os negócios, entre outros. A promessa é que produtos similares sejam lançados pela empresa ao longo do ano, com soluções para perguntas para entrevistas, recomendações de livros, guias de carreira e criações de persona.“A IA está cada vez mais próxima do cotidiano das pessoas. Ela desperta uma curiosidade inicial, mas sua contribuição vai bem além do meme. Não ameaça a autonomia humana, mas certamente contribui para que tarefas sejam otimizadas. É preciso abraçá-las e usá-las em nosso favor. Por isso, desenvolvemos ferramentas específicas para cada ofício”, diz Cristiano Kruel, CIO da StartSe.

 

GhatGPT é confiável?

 

Como toda a novidade, vem com ela aquela “pulga atrás da orelha”. E essa máxima nunca esteve tão em voga após a própria OpenAI, criadora da ChatGPT, se pronunciar e reconhecer que o sistema tem sido “politicamente tendencioso, ofensivo” e “censurável” e se comprometeu a mudar o funcionamento.

Para Ediney Giordani, CdO da KAKOIComunicação, a maior limitação da ChatGPT não ser confiável para gerar informações precisas: “a inteligência precisa de comando. Ela não pensa, ela só aceita a premissa que você ordenou. Se ordenar ir em frente mesmo sabendo que há um iceberg na frente, ela vai, simples assim”, alerta.

Ele elencou outros problemas graves, como plagiar conteúdos e há relatos de que a IA também orientou, erroneamente, investidores do mercado financeiro, resultando em prejuízos a quem seguiu as orientações do sistema. “Quanto menos instruções houver na solicitação, maior a probabilidade de o resultado ficar semelhante com outra solicitação. Os artigos diferirão, mas estarão compartilhando a mesma estrutura, inclusive com subtópicos semelhantes, mesmo que sejam criados com palavras 100% diferentes. A ferramenta está muito embrionária, mas o burburinho já foi causado pois o Google, Bing, Edge e Chrome irão incorporar em seus sistemas, então, precisamos usar, claro, mas com muita moderação”, arremata.

 

Arcabouço legal

 

Não há um conceito legal mais especificamente voltado para esses “bots”e antes de uma empresa pensar na incorporação desta tecnologia, é importante salientar que é preciso estar em conformidade com aLei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), em vigor desde 2020.

Gabriela Rodrigues, advogada do escritório Nogueira e Tognin, de Mogi Mirim, SP, ressalta que ter acesso a informações pessoais e sensíveis de clientes, colaboradores e fornecedores pode gerar problemas para o negócio, caso não sejam seguidas as diretrizes impostas pela LGPD, que regulamenta como se deve agir no tratamento, uso e compartilhamento de dados pessoais em território brasileiro, tanto no meio digital quanto no físico.“A Lei prevê a possibilidade de sanções administrativas, tais como a proibição total ou parcial de tratar dados, suspensão do exercício da atividade de tratamento dos dados pessoais a que se refere a violação pelo período máximo de seis meses. Está prevista multa, que poderá chegar ao valor máximo de 2% do faturamento líquido da empresa ou grupo econômico, limitada a R$ 50 milhões por infração. Por fim, e mais importante, é que o uso indevido de dados pode ser mal visto pelos parceiros de negócio e impactar diretamente na imagem da empresa”, alerta.

O que se tem notícia no campo do direito brasileiro é o PL 21/2020, tramitando no Senado Federal, de autoria de Eduardo Bismarck (PDT-CE), a fim deregulamentar o uso de “bots” no Brasil. O projeto de lei estabelece princípios, direitos, deveres e instrumentos de governança para o uso da IA e, principalmente, evitar a violação dos direitos básicos dos usuários que tiverem contato, em algum nível, com a tecnologia.

Marcelo Peixoto, CEO da MindsDigital, startup VoiceIDtech pioneira em biometria de voz no Brasil explica que a empresa se na LGPD para seguir todas as regras e disponibilizar seu portfólio de produtos. “A IA da startup não utiliza nenhum dado para benefício próprio, pelo contrário, apenas protege pessoas e empresas dos fraudadores”, informa nota da empresa.

Antes de se encantar, é preciso entender e se atentar ao que elas podem nos oferecer.

 

Foto: reprodução

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