Setor de blindagem cresce, mas sob suspeitas
Estimulado pelo crescimento da violência, o setor de blindagem de veículos tem crescido no Brasil. Segundo dados da ABRABLIN (Associação Brasileira de Blindagem), estima-se que em 2015 serão blindados cerca de 11.914 unidades – quase 1.000 veículo por mês e 1,56% a mais do que em 2014, apesar da retração observada na maioria dos setores da economia. Este crescimento, entretanto, vem acompanhado de uma drástica queda na qualidade do produto oferecido.
Recentes denúncias apresentadas pelo Ministério Público de São Paulo chamam a atenção para a questão da insegurança balística. Empresa fabricante de vidros blindados está sendo investigada por fornecer produtos que não seguram disparos conforme a norma estabelecida pelo Exército Brasileiro. Em investigação paralela, o próprio Exército está sendo questionado quanto ao recebimento de propina para liberação da documentação de veículos blindados por empresas irregulares.
De acordo com Eduardo Ferreira, engenheiro automobilístico e um dos pioneiros no desenvolvimento do produto no Brasil, por mais que a tecnologia tenha evoluído nos últimos 20 anos, a blindagem ainda é uma transformação importante incorporada ao veículo e não pode ser feita sem critério. Segundo ele, 80% dos veículos blindados que são recebidos em sua oficina para manutenção apresentam erros grotescos, que vão desde a técnica de montagem até a escolha do material.
O engenheiro aexplica que, para garantir que o serviço seja feito com qualidade e segurança, o cliente deve pesquisar quem é o engenheiro responsável pela modificação, verificar seu registro junto ao CREA e assegurar-se de que medidas serão tomadas para que seu veículo não perca as características originais de dirigibilidade e segurança.
Caso o usuário de veículo blindado se sinta inseguro com o produto que adquiriu, o engenheiro orienta a procurar uma oficina especializada e solicitar uma avaliação da blindagem.
Riscos de uma má blindagem
– falha na proteção balística
– danos e até perda total dos itens de acabamento interno do veículo
– danos aos sistemas elétricos e eletrônicos do veículo
– ineficiência dos airbags laterais em caso de colisão em T
– formação de pontos contundentes no interior do veículo em caso de colisão
– desequilíbrio entre os eixos do veículo devido a má distribuição de peso
– alteração na dirigibilidade (frenagem, aceleração, estabilidade)
– desgaste e quebra de itens de suspensão
– constante desalinhamento de portas devido ao peso excessivo
– infiltração de água devido a falhas na vedação