Depois de um período difícil, no início da pandemia, em março e abril, o setor de segurança eletrônica registrou recuperação a partir de maio. A análise é da presidente da Associação Brasileira das Empresas de Segurança Eletrônica – Abese, Selma Migliori. “Essa melhora acelerou-se em junho e ganhou mais força ainda em julho. E, a partir daí, o setor veio numa crescente”.
A percepção de Selma é reafirmada por uma pesquisa feita pela Abese com indústrias, distribuidores e prestadores de serviço de todo o país, sobre os impactos da Covid-19 no setor. O estudo apontou que 40% das empresas do segmento notaram o aumento da procura por soluções de segurança voltadas às novas demandas que surgiram devido à pandemia. Segundo o levantamento, entre as tecnologias mais buscadas durante este período estão as câmeras térmicas e o reconhecimento facial.
Na avaliação de Selma, a pesquisa revela que há muito espaço para a segurança eletrônica no “novo normal”. “Muitos setores que não previam investimentos para este ano na área de segurança eletrônica precisaram agora priorizar a implantação de soluções para a continuidade dos negócios. No contexto de pandemia, muitas soluções já implantadas foram criativamente readaptadas. Estes pontos não invalidam a crise que esta situação mundial representou para todos os setores da sociedade”, analisa.
Antes do início do isolamento social, as câmeras térmicas – ainda utilizadas com foco na segurança – representavam 6,2% das vendas do segmento. Contudo, a pesquisa mostra que após o início da quarentena, a comercialização de câmeras capazes de identificar indivíduos com temperatura acima de 37,8°C (indício de quadros de febre), um dos sintomas de alerta da Covid-19, saltou para 13,7% das soluções comercializadas. O crescimento ilustra a adaptabilidade das soluções do setor que, além de inovação, também investe no aprimoramento contínuo das tecnologias que já existem para que se adequem às novas demandas e alcancem novos mercados.
Outra solução que registrou aumento na comercialização devido às exigências dos novos protocolos sanitários foram as câmeras com reconhecimento facial, que tiveram crescimento de 12,3%. A necessidade de evitar as interações sociais dentro de condomínios residenciais e empresas acelerou a procura por soluções inteligentes que atuam de maneira autônoma, como a identificação do acesso de pessoas e moradores. Assim, a tecnologia desenvolvida para garantir a segurança de acesso a ambientes restritos, incorporou um novo potencial de uso a partir das necessidades do “novo normal”.
Portaria remota
O segmento de portaria remota também tem se mostrado bastante requisitado. Quase 20% dos entrevistados responderam que houve aumento pela procura das soluções que permitem o atendimento à distância em condomínios e empresas. O segmento residencial, inclusive, apresentou algumas oportunidades de novos negócios durante a quarentena, puxados pelas soluções para monitoramento à distância de casas de veraneio que ficaram vazias devido às imposições de isolamento: 17,6% dos empresários perceberam o crescimento deste tipo de demanda.
Setor manteve empregos
O estudo também revela que 65,2% das empresas não demitiram e 20,3% das empresas chegaram a contratar novos colaboradores durante o mesmo período. A pesquisa ainda indica que há novas oportunidades de vagas para o setor: 7,9% dos entrevistados afirmaram que ainda não efetivaram as contratações, mas estão em busca de novos talentos. Dentre as áreas com mais oportunidades estão: área técnica (39,6%), área comercial (27,8%) e marketing (11%).
O setor de segurança eletrônica é responsável por gerar mais de 250 mil empregos diretos e mais de dois milhões indiretamente. Em 2019 o mercado de segurança eletrônica no Brasil faturou R$ 7,17 bilhões.
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