Tecnologia é aliada nas medidas de segurança em condomínios

A busca por uma sensação maior de segurança está levando as pessoas a optarem por residir em condomínios em diversas cidades do Brasil. Para se ter ideia, segundo o IBGE, são mais de 1 milhão dessas moradias no País e dados da Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios (PNAD Contínua) apontaram também que o número de edifícios condominiais quase dobrou em três décadas, saltando de 8,37% para passar a representar 14,2% dos domicílios em nível nacional. Num intervalo de apenas dez anos, a quantidade de apartamentos construídos aumentou de 6,1 milhões para 10,4 milhões, uma expressiva elevação porcentual de 68,7%.

 

Do mesmo modo que se aumenta a demanda por tais lugares, cresce a necessidade de medidas de segurança aos condôminos, visitantes e trabalhadores que ali atuam. E isso tem motivo: os condomínios também estão sujeitos a ataques: segundo a Polícia Civil, a 4ª Delegacia de Roubos e Furtos a Residências e Condomínios, da Divisão de Investigações sobre Crimes contra o Patrimônio do Deic, realiza ações constantes visando a identificação de quadrilhas especializadas nessa modalidade. No ano passado, foram 117 pessoas presas e 160 ocorrências esclarecidas.

 

A atuação de quadrilhas especializadas em invasões de residências e unidades condominiais tem preocupado moradores e reforça o alerta para a adoção de medidas de segurança. José Roberto Graiche Junior, advogado especializado em Direito Imobiliário e vice-presidente do Grupo Graiche (gerencia 915 condomínios, com 114 mil unidades administradas), ressalta a importância na indicação de cursos e treinamentos constantes a porteiros e demais funcionários para prevenção e atualização de golpes que surgem a cada dia. “É dever da administração do condomínio alertá-los e orientá-los sobre o assunto, além de reforçar a importância nas ações de segurança com os funcionários de portaria dos empreendimentos, uma vez que a maior parte das invasões a condomínios se dá por este local, por falta de procedimentos corretos”, pontua.

 

Portaria 4.0

 

Da mesma maneira que a tecnologia avança, nos condomínios esses dispositivos e soluções são primordiais. Graiche Junior frisa que o condomínio precisa atuar com procedimentos atualizados com as novas tendências de mobilidade, uso do espaço social e demandas do morador. “Chamamos essa nova forma de lidar com o acesso ao condomínio de Portaria 4.0, que envolve a reorganização da portaria, com treinamento humano, aliado à tecnologia”, explica.

A metodologia dessa nova portaria para o condomínio foca na integração – condomínio, portaria e morador; capacitação dos funcionários, com treinamento periódico e constante; tecnologia (sistema, App e site) e planejamento, que irá variar de acordo com a especificidade de cada condomínio.

 

Investir nesses equipamentos já não é mais um diferencial, mas essencial para todo o sistema. A Multinacional italiana com sede em Oderzo (Treviso) e unidades no Brasil Nice, líder global em soluções para gerenciamento e segurança de residências e edifícios, estima um crescimento desse mercado e a necessidade de mais soluções. “A integração entre aplicativos, dados, imagens e voz vai ditar este crescimento. Em nosso portfólio, produzimos soluções completas para o controle de acesso, desde leitores, controles, até cancelas e automatizadores de portões de alto fluxo. Nossos clientes têm a possibilidade de comprar um produto simples e acoplar novos módulos para aumentar a funcionabilidade do sistema. Assim, ele não perde o investimento inicial”, diz André Dini, gerente comercial de Segurança e Controle de Acesso da Nice Brasil, cujas soluções desenvolvidas estão presentes em mais de 100 mil condomínios espalhados pelo país.

 

Tecnologias como leitores controles remotos com sistema anticlonagem, leitores biométricos faciais e digitais, softwares e aplicativos para gerenciar são alguns dos dispositivos desenvolvidos pela empresa. Dini acrescenta que apenas na capital paulista, observa-se um boom na venda de estúdios de 40 m², que optaram pelo QR Code para manter a segurança do edifício. “Já os condomínios e hospitais estão utilizando a leitura facial com tempo de reconhecimento de apenas 0,2 segundos”, destaca.

 

 

Segurança privada

 

Projetos de segurança para condomínios envolvem muitos aspectos. O controle do perímetro e dos acessos são os mais lembrados e a tecnologia pode ser a maior aliada na segurança dos condôminos, com supervisão remota e segurança não-invasiva.

A SegurPro, de segurança privada, oferece ao mercado brasileiro serviços de segurança em condomínios customizado. Um deles é o sistema de Segurança Híbrida, que busca se antecipar aos riscos e ameaças, sendo capaz de se antecipar a novos riscos de forma inteligente e ágil, levando em conta as diversas ameaças de diferentes áreas, sejam físicas ou digitais. “Na era do chamado mundo digital, estabelecemos o conceito da Segurança Híbrida nos baseando em três pilares: profissionais qualificados, uso de dados de forma inteligente e tecnologia disruptiva. Com isso conseguimos oferecer uma segurança mais completa e integrada para o condomínio, independentemente do tamanho ou localidade”, frisa Frank Ribeiro, diretor de Vendas e Marketing da SegurPro.

 

 

Sindico profissional

 

Não somente aumentou o número de condomínios e tecnologias, mas também de mão de obra, o que engloba os síndicos. A Associação Brasileira de Síndicos e Síndicos Profissionais (Abrassp) estima que o Brasil conta com mais de 421 mil síndicos em atividade, sendo que os condomínios movimentam aproximadamente R$ 165 bilhões por ano.

 

Marco Barbosa, diretor da unidade brasileira da Came, empresa de automação de acesso, exalta que, hoje, é essencial para os condomínios residenciais contar com síndicos profissionais. “É muito importante que os condomínios tenham a atribuição de profissionais de segurança e empresas especializadas com síndicos profissionais para orientar o controle de acesso. Eles vão ajudar a mapear todos os pontos vulneráveis para determinadas partes do perímetro, nos quais precisarão de diferentes tipos de equipamentos, e escolherão os mais apropriados para cada necessidade”, explica Barbosa, que antes revelou um expressivo aumento de procura de 60% por produtos de alta segurança da Came por parte de condomínios residenciais, entre janeiro e setembro, na comparação com o mesmo período de 2021.

 

Parcerias

 

Parcerias público-privadas também são um meio de fortalecer a segurança, como a feita no condomínio em que Paulo Werneck é síndico, em São Paulo. Foram instaladas quatro câmeras interligadas com a tecnologia dos sistemas Detecta, da Secretaria de Segurança Pública do Estado, que colabora com o trabalho policial em atividades operacionais e investigativa, e do Cortex, do Ministério da Justiça e Segurança Pública. Os equipamentos registram as imagens do entorno, que podem ajudar a polícia na identificação de criminosos: “O Conseg (Conselho de Segurança) Portal do Morumbi intermediou a parceria. O custo para instalação é do condomínio e pode ser dividido com associações de bairros, por exemplo”, conta Werneck.

Vale ressaltar a recomendação da Secretaria de Segurança Pública: os moradores devem acionar a Polícia Militar pelo 190 em qualquer situação de atitude suspeita e em casos de roubos e furtos, o registro do boletim de ocorrência, inclusive o online, é imprescindível.

 

Foto: Reprodução

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