Áreas de varejo e saúde ainda investem pouco em cibersegurança, revelam estudos

Dois segmentos da economia de grande destaque estão vulneráveis quando o assunto é segurança digital: varejo e saúde. Segundo pesquisa recente da Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca) e o The Security Design Lab (SDL) em parceria com a corretora Howden, divulgada pelo InfoMoney, as companhias desses setores dedicaram a menor proporção do orçamento destinado à área de tecnologia em soluções de cibersegurança, sendo 3% a 7% dos gastos. Em comparação ao setor financeiro, os números variam de 10% a 15%.

“O e-commerce pegou rapidamente e muitas empresas não fizeram os devidos investimentos”, explica diz Marta Schuh, diretora de Cyber & Tech Insurance na Howden, referindo-se ao rápido processo de digitalização, movimentação de grandes volumes de dados e forte presença em dispositivos, especialmente durante os últimos três anos de restrições impostas pela Covid-19, que levaram muitos consumidores a comprar online e o hábito perdurou-se após a pandemia.

Para ter ideia da dimensão desse setor, segundo a consultoria ClearSale, com o surgimento de novas lojas virtuais, cresceu também a incidência de golpes aplicados por criminosos. Apenas no primeiro trimestre de 2022, foram 785 mil tentativas de fraude no varejo eletrônico ante 23,6% no mesmo período em 2021.

“Ainda hoje, mesmo com o assunto em voga, as empresas não investem na criação de um departamento especializado em cibersegurança e, normalmente, só o fazem quando são alvos de ataques maliciosos. Por outro lado, a falta de incentivo sobre a cultura de segurança da informação também corrobora para que a demanda seja maior frente à quantidade de profissionais capacitados”, alerta Gustavo Duani, Cyber Security Director da Claranet, multinacional de tecnologia.

 

Saúde (digital) em risco

 

Segundo Marta Schuh, da Howden, no caso do setor de saúde, a não aplicação de camadas de cibersegurança pode ser justificada pela tentativa de não “burocratizar” processos. Um erro, por exemplo, é o compartilhamento de credenciais para acesso ao sistema. “Médicos e enfermeiros muitas vezes estão preocupados com impacto nas vidas, não de cibersegurança”, arremata.

De acordo com o levantamento TIC Saúde 2022, lançado em dezembro do ano passado, pelo Comitê Gestor da Internet (CGI.br) econduzido pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), mostrou que apenas um em cada quatro estabelecimentos públicos de saúde que possuem política de segurança da informação. O percentual geral passou de 30% para 39% entre 2021 e 2022, devido aos estabelecimentos privados, já que 50% possuem tais medidas. Os indicadores são melhores naqueles com mais de 50 leitos de internação (64%) e os de serviço de apoio à diagnose e terapia (56%), informa o estudo.

“Esses resultados evidenciam a necessidade de maior atenção e investimento por parte dos estabelecimentos de saúde, principalmente em um contexto de expansão do acesso a dados dos pacientes em formato digital”, aponta Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br.

 

Soluções antecipadas

 

Em ambas situações, os especialistas reforçam a importância de busca de soluções em cibersegurança antes mesmo de uma ocorrência grave possa comprometer e gerar uma dor de cabeça. Como dito, investir em capacitação e ferramentas, uso de senhas fortes, sistemas de autenticação em múltiplos fatores e a conscientização de ameaças como o phishing e outros ataques são mandatórios.

Foto: Freepik

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