Em ano atípico, e-commerce deve crescer 50% e responder por mais de 10% do varejo no Brasil

Poucos setores da economia terão saudades de 2020, mas, dentre esses poucos, o de comércio eletrônico certamente é um deles. Afinal, a pandemia do novo coronavírus e o distanciamento social se por um lado forçaram o fechamento provisório de lojas, por outro impulsionaram como nunca as compras online.

Não é coincidência, portanto, que das cinco ações do Ibovespa que mais avançaram no primeiro semestre, três são vinculadas ao e-commerce. Os papeis de B2W, Magazine Luiza e Via Varejo subiram, respectivamente, 70%, 50% e 37%, enquanto que o índice geral das maiores empresas da Bolsa acumulou queda de 17%. Segundo o Goldman Sachs, o setor deve crescer 53% em 2020, mesmo com a crise econômica.

Caso a previsão se concretize, o comércio eletrônico terminará o ano com participação de 11% sobre o varejo brasileiro. Ainda de acordo com o banco americano, a retomada das lojas físicas representará uma desaceleração “apenas marginal” ao e-commerce no terceiro trimestre. Fortalece essa impressão o número de downloads de aplicativos das varejistas, que acelerou em 84% após passarem quatro semanas em alta de 64%.

“Essa aceleração pode sugerir um desvio da consistente tendência de desaceleração observada nos meses de julho a setembro”, aponta o banco.

Resta saber, portanto, se o comércio eletrônico se manterá no mesmo patamar quando a pandemia passar. Segundo os maiores grupos de shopping centers do Brasil, a retomada do segmento tem surpreendido positivamente e as perspectivas para 2021 são positivas. Ao mesmo tempo, avaliam que algumas mudanças vieram para ficar.

“Com o fechamento dos shoppings e restrições de horário e visita, houve a necessidade levar a loja e o pequeno lojista também para o mercado virtual”, afirmou Renato Rique, presidente do conselho de administração da Aliansce Sonae, durante congresso da Abrasce (Associação Brasileira de Shopping Centers). “Se antes concorríamos com o shopping de outro bairro ou do outro quarteirão, agora estamos concorrendo com plataformas que têm ou não presença física. A coisa toda fica bem mais complexa”.

Soma-se a tudo isso outra estatística importante: segundo estudo da Mastercard, em parceria com a Americas Market Intelligence, o número de brasileiros desbancarizados, ou seja, que não possuem conta em bancos bancárias, diminuiu 73% nos últimos cinco meses. Se, em maio, menos de 5% das transações eram realizadas de forma digital, hoje elas atingiram a marca de 60%.

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